domingo, 22 de setembro de 2013

O internamento

2 de Setembro 3 horas da manhã, despeço-me do papá com a maior tristeza e sentimento de solidão. Sou internada na MAC na unidade de cuidados intensivos como medida de prevenção e já com a indicação que caso se confirme que tenha mesma uma trombo embolia pulmonar, irei ficar internada até ao parto.
Horas antes já tinha começado a odisseia das injeções de enoxaparina, que são anticoagulantes que se administra na bochecha da barriga, sem eu saber o que me esperava com estas injeções...
Com o pouco que dormi e assustada com aquele novo ambiente, só pensava em ir para casa. Fiz então um raio-x para descobrir o que tinha... resultado esse que deu em nada. Contudo mantinham-me ali e não me podia mexer para lado nenhum, mesmo para ir ao wc tinha de ir acompanhada e de cadeira de rodas, sempre achei que aquilo era um exagero e que eu estava bem.
As injeções continuaram, levava 2 por dia, e doía cada vez mais a injetar e a cada enfermeira que aparecia doía ainda mais. Eu já suava quando sabia que se aproximava a hora de levar a injeção.
Finalmente chegou a hora da ecografia, estava tão ansiosa para saber o veredicto sobre o resultado da cirurgia... Relatório: Ambos os fetos com boa vitalidade. Até cresci! O médico informa que se a cirurgia não tivesse corrido bem pelo menos o feto menor já não estaria vivo, contudo ainda há riscos de haver um parto prematuro, por exemplo.

3 de Setembro, sou transferida para a enfermaria onde se encontravam internadas outras grávidas, a liberdade ali era outra. Finalmente já podia ter telemóvel, tablet, artigos de higiene pessoal (e principalmente já podia usar roupa interior!), já podia ter mais visitas e um horário alargado. Até a comida era mais variada e já podia escolher o que queria comer.
Ao fim do dia vou ao hospital S. José fazer uma angio-tac e um doppler. Estava preocupadíssima com estes exames todos e no impacto que poderia ter para os bebés, afinal à porta diz sempre para as grávidas não entrarem, não me podem dizer que é totalmente seguro... Conclusão: o médico diz que não tenho nada.

4 de Setembro, quarta-feria, 22 semanas, mais um dia que vou passear de ambulância, desta vez até ao hospital dos Capuchos porque tinha o infliximab marcado (imunossupressor para tratamento da doença de crohn) contudo o médico de gastro mostra-se pouco seguro em fazer o tratamento devido à cirurgia dado que nunca teve um caso semelhante e não sabe que efeitos poderá ter o tratamento neste caso e como a doença de crohn está estabilizada não fiz o tratamento.
Volto para a MAC determinada que deverei ter alta, impaciente já com todo o sistema do hospital que não me dá qualquer informação sobre o meu estado clínico e sobre o que pretendem fazer comigo... Finalmente uma enfermeira dá-me soro e indica que é para remover o contraste da angio-tac do meu organismo, para depois ter alta. Esperançosa que no máximo amanhã já iria para casa...

Passaram-se mais 6 dias sem perspectivas de alta, continuava a levar as injeções de 12 em 12 horas e não tinha informações concretas se iria ter alta ou se iria ficar até ao parto. Sem saber ao certo para que levava as injeções dado que confirmaram que não tinha trombo embolia pulmonar, ficava irritada porque ainda por cima aquilo fazia-me sangrar do nariz e já tinha nodoas negras na barriga! Entretanto tive oportunidade de conhecer outras pessoas, aprendi muitas coisas que para uma mãe pela primeira vez não sabe, conheci o hospital e fiquei a saber mais como tudo funciona lá dentro pelo que quando voltar já estarei um pouco mais segura do que me espera.

10 de Setembro, terça-feira, finalmente mais uma ecografia, apesar de todos os dias fazer um tocograma e de ouvir o coração dos bebés, uma ecografia sabemos sempre mais informações. Os bebés estão ótimos, com crescimento acima da média, cabeças enormes, boa vitalidade, líquido amniótico normal, 591 gramas para um e 652 gramas para outro! Para terminar a ecografia da melhor maneira a médica diz-me ainda que devo ter alta porque não estava ali a fazer nada. Era tudo tão bom que não estava a acreditar que fosse mesmo verdade. Mas foi! Passados 9 dias regressei a casa :)

Não posso deixar de agradecer à minha família, à incrível assiduidade com que me visitavam e ao papá que esteve sempre do meu lado.

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