sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A cirurgia

29 de Agosto, 8h30m da manhã ligam-nos do hospital para irmos imediatamente para lá para tratar dos bilhetes de avião, a cirurgia está marcada para o dia seguinte. Nesse mesmo dia partimos às 14 horas do aeroporto de Lisboa, fizemos escala em Munique e após 5 horas de voo estávamos em Londres, um novo país com tanto para ver e conhecer e ali estávamos nós na pior das circunstâncias.

Chegada a Londres, eu e o papá apanhamos o metro até à zona do hotel, não fazíamos ideia onde era o hotel nem onde era o hospital, a única informação que a MAC nos deu foi o nome do hotel e o nome do hospital. Tivemos de ligar para o hotel para saber onde era exactamente a localização e qual o metro mais próximo. E assim fomos de Heathrow até Holborn e depois sempre ao telemóvel com a recepcionista do hotel a explicar-nos o caminho até ao hotel, que longa caminhada, estava exausta e já passava das 22 horas. Chegada ao hotel tenho uma cama maravilhosamente grande e confortável mas sem jantar... tudo fecha às 23 horas e assim começa a minha jornada de refeições a sandes...

unica vez que vi o Big Ben e o London Eye
Janela do hospital: Big Ben e London Eye
30 de Agosto de 2013, partida para o King's College Hospital, longíssimo do hotel, enganaram-nos nas indicações fomos para uma estação de metro ainda longe do hospital, apanhamos um autocarro até ao hospital, chegado ao hospital entramos na porta errada e ninguém sabia quem era o professor Nicolaides (a única orientação que nos deram na MAC). Lá conseguimos achar o edifício correcto, onde nos esperavam, e que recepção que tivemos, nunca em outro hospital, publico ou privado, tinha sido tão bem recebida e tão bem atendida, os médicos foram tão atenciosos e tão delicados, explicaram todo o procedimento com tanta calma que transmitiram a segurança que mais precisava naquele momento.
Sendo um hospital escola, havia algumas pessoas a assistir, cerca de 5 a 6 pessoas, mas sempre com respeito nos pediram autorização para ficar na sala. Fizeram uma ecografia, confirmaram o diagnóstico, um feto tinha 0,5 cm de líquido amniótico e o outro tinha 9,9 cm.

E aqui começa o princípio de uma história que não vou esquecer para toda a minha vida, esperamos então a chegada do professor que iria fazer a cirurgia, voltaram a explicar-me todos os riscos da cirurgia, a condição severa em que os bebés se encontravam, como seria feita a cirurgia e por fim assinei o consentimento/termo de responsabilidade. Fui almoçar (novamente uma sandes porque os ingleses não almoçam) e às 14 horas veio o professor... como estava nervosa...
Tenho um monitor diante de mim que me indicam que a cirurgia será vista por lá. Sempre de mão dada ao papá começam por dar a anestesia local, tudo normal até ao momento. É então introduzido um género de um cânulo na barriga, como doeu! Após introduzido não sinto mais nada, introduzem o fetoscópio dentro desse cânulo, o fetoscópio tem uma câmara e um laser, começo a ver tudo no monitor.
E o momento mais feliz da minha vida revelou-se naquele ecrã, vi a cara do meu bebé, a mãozinha de outro, que imagem mais linda e que nunca vou esquecer. Começam então a procurar os vasos sanguíneos e a "queimá-los" com o laser, separando-os, sinto e ouço estalos dentro da minha barriga, fico tão assustada, não doía mas era uma situação normal, 20 minutos depois a cirurgia tinha terminado. O professor despede-se e ficam os restantes médicos a retirar o líquido amniótico em excesso, retiraram perto de 2 litros. Depois simplesmente taparam a ferida com uma gaze e fui para uma salinha sentar-me num sofá à espera (acabei por me deitar apesar do sofá ser minúsculo).
Passado 1 hora (que pareceu uma eternidade) fiz nova ecografia, os bebés estavam bem mas ainda não estavam fora de perigo, o médico informa que é necessário esperar uma semana para termos a certeza que a cirurgia foi um sucesso (serio? e só agora é que me dizem? mais uma semana de agonia?). Saí do hospital pelo meu pé e lá fomos apanhar o metro para o hotel. Ficamos no hotel umas 2 horas a descansar e depois jantamos num restaurante italiano ali pertinho.
Voltei ao hotel e começaram umas dores terríveis, dores como nunca tive antes, doía-me as costas, o peito, todo o tronco parecia que tinha vidros dentro e que me cortavam a respiração cada vez que me mexia. Não conseguia estar deitada, as dores eram insuportáveis, não consegui respirar, o cansaço era demais, dormi sentada na cama...

31 de Agosto, acordei bem, as dores tinham passado, estava um pouco dorida mas capaz de andar. Pensamos ir almoçar a um restaurante português (farta de comer sandes) que nos tinham indicado que ficava na Oxford Circus, fomos de metro até a Piccadilly Circus, que rua bonita, ecrãs gigantes na rua, lojas giras, comi mais uma sandes e voltamos ao metro para ir almoçar, na chegada a Oxford Circus senti-me mal e quase desmaiei.
Muitos vieram socorrer, veio logo um policia que chamou uma ambulância que apareceu 10 minutos depois, melhorei sem terem feito nada e recusei ir ao hospital contudo decidimos que o melhor era ir para o aeroporto esperar a hora do voo calmamente.
Apanhamos um comboio directo para o aeroporto e tristemente nos despedimos de Londres... Chegamos ao aeroporto às 14 horas e o voo era às 19 horas... Almoçamos num restaurante italiano com empregados portugueses, o voo veio atrasado e nem refeição serviam no voo, como chegamos muito cedo ninguém nos avisou que não iria haver comida no avião e foi um stress até finalmente chegarmos a Lisboa a 31 de Agosto pelas 22 horas.

3 comentários:

Unknown disse...

Devo referir que a cirurgia foi possível graças à colaboração da MAC que assegurou o pagamento do hospital em Londres, os bilhetes de avião e o hotel para mim e para o papá. As despesas de transporte e alimentação serão devolvidas no prazo máximo de 6 meses (a aguardar).

Unknown disse...

Epa, se te devolviam as despesas de transporte e alimentação andavas lá de táxi. Mais rápido e eficaz, não? Não sei digo eu!
Quanto à alimentação, não posso opinar lol n conheço nem a forma como fazem as refeições deles, nem que tipo de comida têm no país assim ao alcance lool

Unknown disse...

Andar de taxi lá não é o mesmo preço que aqui, o caché não permitia :) os ingleses não fazem almoço e a comida deles é à base de sandes, nos restaurantes italianos é que fiquei melhor servida...