"Elas sentem-se mal com o corpo, porque engordaram como nunca e têm
borbulhas, e tornozelos agigantados. Sentem-se mal de saúde, porque
estão muitas vezes enjoadas, e inchadas e com dores de costas. Sentem-se
com a auto-estima de um rato do esgoto, porque se acham feias e
desinteressantes. Sentem-se amedrontadas, porque têm medo de falhar, têm
medo do desconhecido, têm medo de não corresponder ao que lhes é
exigido, têm medo de não saber tratar de um bebé. Sentem-se inseguras,
porque acham que os parceiros já não as acham sexys e vão querer saltar
para cima da colega de trabalho. Sentem-se perdidas, porque já não estão
a trabalhar, mas também ainda não têm assim tanta coisa para tratar
relativamente ao nascimento da criança. Sentem-se receosas, porque fazem
contas à vida e começam a perceber as despesas todas que vão ter.
Sentem-se pressionadas, porque os pais e os amigos estão sempre a dar
palpites sobre o que elas devem fazer e não fazer.
Na verdade, tudo isto gera, muitas vezes, depressões pré ou
pós-parto. Há casos, até, de depressões pré e pós parto, que podem durar
por um período indeterminado. Mas como qualquer doença, também isto se
cura. O problema maior é mesmo que o doente reconheça que está doente, e
esteja disposto a tratar-se, o que nem sempre acontece.
Grande parte dos conflitos entre os casais que têm ou vão ter o
primeiro filho advêm de algumas destas fragilidades e mutações por que o
casal passa.
Ao homem cabe o papel de tentar, de alguma forma, tranquilizar a mulher, ajudar em tudo o que lhe for possível, não deixar que ela entre em pânico, continuar a dar-lhe provas de amor e, também ele, começar a preparar-se para a tal nova realidade que lhe irá, seguramente, alterar rotinas, prioridades, sonos, programas.
Ao homem cabe o papel de tentar, de alguma forma, tranquilizar a mulher, ajudar em tudo o que lhe for possível, não deixar que ela entre em pânico, continuar a dar-lhe provas de amor e, também ele, começar a preparar-se para a tal nova realidade que lhe irá, seguramente, alterar rotinas, prioridades, sonos, programas.
Só é possível superar todas as dificuldades relativas ao nascimento
de uma criança se a relação entre o casal for muito forte, cúmplice e
assente em amor, amizade e companheirismo. Se uma qualquer destas coisas
começa a faltar, o mais provável é a torre vir abaixo. Se o amor já é
fraco, ou ainda não é suficientemente forte, a vontade de parte a parte
em superar tudo é muito menor. Se não há companheirismo, perde-se o
respeito, e sem respeito vai-se o amor, e sem amor vai-se tudo.
Este é um jogo de equilíbrios delicado que assusta, mas que todos devem estar cientes de que existe.
Se decidimos que vamos a jogo temos, os dois, de conhecer as regras."
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